Foi presa ou se entregou? Entenda conflito de versões no caso de Carla Zambelli

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) irá se apresentar nesta quarta-feira (30) na Justiça da Itália. De acordo com seu advogado, Fabio Pagnozzi, ela pedirá asilo político ao governo italiano após ter uma ordem de prisão emitida no Brasil.

Apesar da Polícia Federal e do Ministério da Justiça terem afirmado que Zambelli foi presa pela polícia do país europeu, a defesa da parlamentar diz ao contrário, que ela se entregou voluntariamente para colaborar no caso.

A deputada brasileira está na lista da difusão vermelha da Interpol após pedido do ministro do STF Alexandre de Moraes. Ela pode ser deportada para ser presa no Brasil, visto que possui mandado de prisão em aberto no país.

Veja versões

O Ministério da Justiça e a Polícia Federal confirmaram que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29). Zambelli havia fugido para a Itália depois de ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão no caso da invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A informação também foi confirmada pelo deputado italiano Angelo Bonelli, da coalizão Aliança Verde-Esquerda. Ele afirmou em seu perfil na rede social X que localizou a deputada Carla Zambelli em apartamento em Roma, e forneceu a informação da localização à polícia.

O deputado já estava atuando para que Zambelli fosse presa. Angelo Bonelli cobrou autoridades italianas para localizá-la desde o início de junho. Ele havia classificado a situação como ‘uma vergonha', e disse que 'ninguém é intocável’, ao pedir a extradição da deputada. Bonelli chegou a apresentar questionamentos sobre o tema para os ministros de Relações Exteriores e do Interior da Itália.

O advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, disse em suas redes sociais que Zambelli não foi presa, e sim se entregou as autoridades:

"Na tarde de hoje, minha cliente, deputada Carla Zambelli, decidiu se entregar às autoridades italianas a fim de colaborar administrativamente com os pedidos das autoridades, mostrando o seu endereço, mostrando que nunca foi foragida na Itália e está esperando um posicionamento oficial para que ela pudesse se apresentar. A Carla busca a não-extradição e, obviamente, ser julgada com parcialidade e justiça."

Bruno Zambelli, deputado estadual de São Paulo, fez publicação também em suas redes sociais afirmando que a irmã, a deputada federal Carla Zambelli não foi presa.

No texto, Bruno diz que Carla se apresentou "voluntariamente" para pedir asilo, fugindo de uma "perseguição sem precedentes no Brasil".

"O governo brasileiro e a grande mídia estão mentindo para vocês! A minha irmã, Carla Zambelli, NÃO FOI PRESA. Ela tomou uma decisão corajosa: apresentou-se voluntariamente à polícia italiana para dar início às tratativas de asilo político, fugindo de uma perseguição sem precedentes no Brasil. Eu amo minha irmã e me orgulho da sua força e coragem diante de tudo isso. Que Deus abençoe a Carla e toque no coração das autoridades italianas, para que reconheçam a gravidade da situação e concedam a ela o asilo que merece."

O que acontece agora?

A deputada Carla Zambelli deve se apresentar hoje à Justiça da Itália, que tem 48 horas para decidir se ela vai aguardar o processo de extradição em liberdade, em prisão domiciliar ou na cadeia. A parlamentar do PL passou a noite na Divisão de Capturas do Setor de Cooperação Internacional da polícia italiana, órgão ligado diretamente ao Ministério do Interior e que atua em parceria com a Interpol.

A prisão de Zambelli havia sido determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, depois que ela fugiu do Brasil para tentar escapar da pena de dez anos de cadeia. A Justiça vai decidir com base nas manifestações do Ministério Público italiano e da defesa da deputada. E quem perder ainda poderá recorrer.

Ao final dessa etapa, a extradição ainda precisa da aprovação do governo da Itália, que decide se entrega ou não a deputada. Além da condenação, o STF determinou a perda de mandato de Carla Zambelli. Nas redes sociais, o presidente da Câmara, Hugo Motta, avisou que a Casa vai analisar apenas o pedido de cassação e não a prisão da parlamentar.

O PL divulgou nota manifestando solidariedade a Carla Zambelli. E mesmo com a confirmação do governo brasileiro de que a deputada foi presa, a nota do partido repete a narrativa da defesa de que ela se entregou.